Não tem como passar batido. Na parte central da entrada principal do supermercado, um pequeno amontoado de pessoas olhando para baixo. Mesmo quem não é curioso pára e dá uma espiadinha. Foi o que fiz.
O que vi? um artista criando em seu atelié improvisado. Um homem com aspecto sofrido, mas sorrindo o tempo todo dizia: promoção de 15 minutos, fiquem espertos. Você compra um quadro por R$10 e ganha outro.
Ele pega de uma pequena pilha de pisos - isso mesmo: pisos para acabamento de construção, com as mãos ele escolhe uma cor e começa a sua arte. Em segundos, uma paisagem surge. Nem é possível acompanhar seus gestos. Ele vai borrando e espalhando a tinta com os dedos. Ora com pedaços de esponjas ora com um paninho, feito de toalha rasgada vai criando efeitos naquele piso que já se transformou num quadro.
É tão rápido que tentei deduzir qual seria a obra, o resultado final, mas não deu tempo. Um piscar de olhos e ele avisa: pronto, agora é só esperar a secagem por 12 horas e depois, se sujar, pode lavar, limpar que não estraga.
Ao lado dele fica uma moça de tranças que 'embala' o quadro. Perto dela, ficam tiras de papelão. Ela pega um pedaço que parece ter sido a tampa de uma caixa, coloca o quadro no centro e dobra as laterais do papelão de forma que só a parte pintada fique exposta. É a garantia de que nada encoste e estrague a pintura. Com dois elásticos prende em cruz o ex-piso e dá para o consumidor.
O artista olha para longe e grita: chefe? mais 5 minutos de promoção? Nesse momento, todos tentar encontrar o destino do olhar dele, mas, o que se vê são pessoas num supermercado que vem e vão, a única 'pessoa' parada naquela direção é de papelão num propaganda com gatorade na mão. Uma encenação que só dá mais graça ao talento anônimo.
Uma familiazinha não resiste e pára para ver. Um sinal com a cabeça, o artista entende, pega outro piso, escolhe as tintas e mãos à arte!
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Um comentário:
Nesse tipo de economia informal, eu acredito. Nessa cidade existe um artista em cada esquina.
Marcos
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